O perigo do choque elétrico vai além das proteções elétricas
Quando pensamos em segurança elétrica, nossa preocupação primária recai, muitas vezes, sobre o projeto elétrico e seus dispositivos de proteção, como disjuntores termomagnéticos, disjuntores de fuga de corrente (DR), dispositivos de proteção de surto (DPS), sistemas de aterramento e de proteção contra descarga atmosférica (SPDA).
Poucas vezes, atentamos para riscos provenientes de equipamentos elétricos, utilizados pelas equipes de limpeza, como:
- Lavadoras de Carpete,
- Lavadoras de Piso,
- Aspiradores Industriais,
- Lavadoras de Alta Pressão,
- Limpadoras à Vapor,
Enceradeiras Industrial
- Polidoras de Disco,
- Polidoras de Alta Velocidade e
- Furadeira.
São maquinários utilizados em áreas molhadas e que, em geral, possuem “carcaça” de metal sem isolação adequada – uma situação que, em caso de fuga de corrente, ocasiona choque elétrico com risco de vida para o usuário.O mais grave é que as pessoas, normalmente, desconhecem tal risco.
Para maior segurança, antes de ligar esses maquinários, é preciso:
- Utilizar equipamentos de proteção individual de segurança (EPIS), adequados a cada tarefa, de acordo com as normas de segurança;
- Verificar se cabos e plugues não estão danificados, com fios soltos ou desencapados;
- Evitar cabos emendados com fita isolante;
- Não utilizar equipamentos sem fio terra;
- Certificar-se de que as tomadas obedecem ao novo padrão de segurança, com três pontos.
Uma inspeção visual realizada num condomínio residencial pela IPT Consultoria observou as seguintes irregularidades:
Imagem: IPTconsultoria | Plugue com 3 e 2 pontos
- A tomada da máquina lavadora de alta pressão tinha os três pinos, (F), (N), (T), conforme a norma. Entretanto, foi utilizado um adaptador benjamin, com dois pontos. Ou seja, o fio terra não foi ligado e o usuário corre sério de risco de choque elétrico.
- No caso da enceradeira, o cabo apresentava apenas dois pinos (F) e (N): Novamente, o risco de choque elétrico se faz presente.
Imagem: IPTconsultoria | Enceradeira
Também foi observado que extensões elétricas usadas para os mais diversos fins apresentavam incompatibilidade nas conexões: Uma ponta com dois pinos e a outra, com três pinos. Veja a imagem abaixo:
Foto: IPTconsultoria | Extensão elétrica
A fiscalização das instalações elétricas deve fazer parte da rotina de segurança a ser implantada, conforme normas ABNT 5410, NR-10 e Portaria 51 do Inmetro.
Dispositivos de proteção devem ser testados para garantir sua eficácia. Disjuntores DR e DPS tem vida útil determinada e não estarão protegendo vidas e patrimônio para sempre. O mesmo vale para os equipamentos elétricos compostos por cabos, plugues e tomadas.
Segundo Marco Oliveira, da IPT Consultoria, ainda estamos longe da consciência sobre a importância de testar todos os equipamentos elétricos, como já é feito em vários países da Europa e Oceania, onde são empregadas técnicas de inspeção preditiva.
Uma dessas técnicas é o Portable Appliance Testing (PAT) ou teste dos equipamentos portáteis, no qual medidores dedicados verificam a isolação e outros parâmetros, diagnosticando possíveis falhas dos equipamentos.
“Buscamos orientar e informar as pessoas sobre os riscos de choques elétricos, que podem levar à morte”, diz o especialista, que lançou a campanha “Não sou doutor, mas salvo VIDAS”, sobre a necessidade de instalação e verificação periódica do DR.
Segundo a Abracopel, em 2014, foram registrados 627 acidentes fatais com pessoas que estavam manuseando extensões, benjamins, tomadas, condutores partidos ou sem isolação, cortadores de grama e chuveiros elétricos, entre outros.